Federação teme que privatização de refinarias leve a apagão de gasolina no país

 quinta, 20 de fevereiro 2020

Federação teme que privatização de refinarias leve a apagão de gasolina no país

Caso as privatizações e as concessões de refinarias não sejam feitas “de forma responsável”, há risco de apagão de combustíveis no Brasil. A declaração é do presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), Paulo Miranda Soares.

“Se abre hoje o mercado do jeito que o governo quer, tudo ao mesmo tempo, e não paulatinamente, certamente teremos apagões de gasolina, como ocorreu com a energia durante o governo FHC”, disse.

A afirmação foi feita nesta quarta-feira (19) durante evento que discutia os desafios do mercado, com atores do poder público e do varejo de combustíveis.

Soares afirma que, apesar de o mercado não ser contrário à abertura, e de concordar com grande parte do que está sendo proposto, é necessário investir primeiro em infraestrutura para garantir o abastecimento.

Ele compara a situação do Brasil com a dos Estados Unidos e diz que os americanos têm 140 refinarias, enquanto nós temos 16.

“Tem-se, por exemplo, a (refinaria) Gabriel Passos (em Betim), que deve ser privatizada. Se ela parar por 30 dias para manutenção, hoje a Petrobras precisa suprir o abastecimento da população. Com a venda, vamos correr risco de, sendo as refinarias independentes, não termos como retirar produto dali. Como ela não terá obrigação de abastecer o mercado, podemos ter dificuldades. A modernidade e a abertura são inexoráveis. Contudo, a nossa sugestão é que, antes, o governo melhore a infraestrutura”, disse.

O diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP) Aurélio Amaral, que estava no evento, nega que haja risco de desabastecimento.

Ele afirma que estudos estão sendo feitos em relação às privatizações e que nada, até agora, indicou possibilidade de apagão.

“Temos várias análises de impacto, mas não podemos ainda ter opinião concreta, pois não sabemos como ocorrerão as privatizações. Contudo, o processo precisará ser realizado tendo em vista a ampla oferta à população e o aumento da competitividade, a fim de proporcionar queda de preços ao consumidor”, defendeu Amaral.

Legislação

O governador Romeu Zema (Novo) declarou, na abertura do evento, que é favorável a mudanças na legislação estadual que trata dos combustíveis.

Contudo, ele não especificou quais seriam as modificações. “Aquilo que for necessário mexer na tributação, para aprimorar o sistema, estaremos à disposição”, disse.

Delivery

Após empresa fluminense ser proibida de oferecer delivery de combustíveis, o tema foi discutido no evento. Contudo, não há proposta efetiva para regulamentação.

Petobras anuncia aumento de 3% nas refinarias

A Petrobras anunciou nesta quarta-feira que a gasolina vai ficar 3% mais cara nas refinarias. O litro subiu R$ 0,0512, em média. O preço do diesel não mudou.

Questionado, Carlos Guimarães Jr., presidente do Minaspetro – entidade que representa os postos no Estado – afirma que não é possível dizer se o preço nas bombas vai subir, devido à liberdade de precificação do mercado.

“Teremos que ver qual será o reajuste, mas também precisamos lembrar que há 27% de etanol na gasolina, então deve ser melhor. Contudo, não podemos interferir no preço porque cada posto tem comportamento diferente. O preço é livre e ditado pela concorrência”, diz.

Segundo o consultor de Petróleo e Gás da FCStone, Thadeu Silva, o reajuste acompanha as altas do câmbio e da commodity no mercado internacional.

Greve não afetou o mercado em Minas

A greve dos petroleiros, que ontem completou 19 dias, ainda não afetou o mercado em Minas Gerais, segundo o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares.

Motivados pela demissão de funcionários em uma fábrica subsidiária da Petrobras no Paraná e pela venda de ativos da empresa, funcionários continuam parados, mesmo após a apresentação de recursos legais e incentivos laborais.

Após várias derrotas judiciais, os grevistas obtiveram uma vitória na terça-feira, quando o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná, que está mediando o conflito, determinou que as demissões sejam suspensas até a próxima audiência.

Segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP), mais de 20 mil funcionários aderiram à greve, representando um terço do total de empregados nas 121 unidades da petrolífera.

Fonte: O Tempo 

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