Petrobrás estuda mudar forma de enchimento de botijões de gás

 quinta, 07 de novembro 2019

Petrobrás estuda mudar forma de enchimento de botijões de gás

Agência Nacional do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis (ANP) estuda novas medidas como o enchimento fracionado de botijões de GLP e a comercialização do produto em recipientes sem marcas

Seminário “Desafios e oportunidades no mercado de GLP no Brasil”, promovido pela Petrobras, na última terça-feira, 5, em Brasília, discutiu como o mercado de gás liquefeito de petróleo (GLP) pode se tornar mais competitivo, sem abrir mão de segurança e qualidade e com garantia de suprimento.

O pano de fundo da discussão são as medidas que estão sendo estudadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis (ANP), sobre o enchimento fracionado de botijões de GLP e a comercialização do produto em recipientes sem marcas. O objetivo da TCP é coletar contribuições e dados sobre os possíveis impactos ao mercado e à sociedade caso essas práticas sejam autorizadas pela ANP.

Empresas, associações do setor de gás, representantes de governos da América Latina e órgãos reguladores se reuniram no evento para debater problemas de abastecimento e a garantia de suprimento de GLP, além da legislação adequada para garantir qualidade e segurança ao consumidor. O GLP para uso residencial, chamado de gás de cozinha, é comercializado em botijões de 13 kg e o GLP para uso industrial e comercial é revendido geralmente a granel ou engarrafado em cilindros.

Carlos da Costa, secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, defendeu a manutenção da marca nos botijões. Para ele, o uso da marca é extremamente importante neste setor para garantir segurança e incentivar novos negócios. Também demonstrou preocupação de que o enchimento fracionado seja uma porta de entrada para práticas ilícitas. “Por um lado, o mercado fracionado pode representar mais concorrência, mas por outro lado pode representar uma redução de barreiras para atividades ilícitas”, afirmou o secretário.

Daniel Rocha, diretor da Accenture, apresentou um benchmark sobre o mercado de GLP envasado na América Latina. O estudo mostra que a qualidade do produto e o estado dos botijões estão diretamente relacionados ao uso de marca nos recipientes. “Quando se tem um parque de botijões que é propriedade de todos e não é de ninguém, naturalmente é gerada uma situação em que não há nenhum incentivo à qualificação. A qualificação fica sob a responsabilidade do consumidor final. E a tendência é que se deteriore a qualidade do botijão”, comentou.

Segundo o levantamento da Accenture, o modelo de mercado de GLP mais eficiente, considerando custo e desempenho, é aquele que funciona sem fracionamento, com uso de marca e em que a envasadora é responsável pela manutenção dos botijões. “É o que melhor gera capacidade percebida pelo consumidor, com custo baixo, mas preservando margens para a indústria, com eficiência na fiscalização”, comentou Rocha, que também defendeu a manutenção da portabilidade dos recipientes para facilitar a troca pelo consumidor final.

A maioria dos participantes questionou a proposta de enchimento fracionado.

No seminário também foram apresentadas lições aprendidas das experiências do México e do Peru. Fernando Cabada, presidente da Associação Peruana de GLP, relatou as consequências da proliferação indiscriminada de agentes sem marcas no botijões e fracionamento. Segundo ele, houve aumento de acidentes em residências e evasão fiscal para o estado, uma vez que cresceu a informalidade.

Para aumentar a competição, o secretário Carlos da Costa listou outras iniciativas. “Nós temos uma posição importante para abrir o mercado. Seja abertura internacional, seja o modelo de privatização e de concorrência no refino, seja o fim da política de cotas”. Destacou também a elevação da oferta doméstica de GLP principalmente pelo aumento da produção do novo gás que vem do pré-sal, que é livre em líquidos e muito propício à fabricação de GLP.

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