Preço do petróleo atinge maior nível desde março

 quarta, 25 de novembro 2020

Preço do petróleo atinge maior nível desde março

Os preços do petróleo atingiram, ontem, seu maior nível desde março, superando os US$ 47 o barril, depois que uma série de notícias positivas sobre vacinas contra a covid-19 desencadeou uma retomada em um dos setores mais duramente atingidos pela pandemia de covid-19.

O preço do petróleo do tipo Brent, a referência internacional, subiu mais de 3%, batendo nos US$ 47,82 o barril, na parte da tarde, em Londres, com os operadores apostando que os setores de viagens e outros que dependem muito do combustível reagirão, em 2021, se o coronavírus puder ser controlado.

Isso proporciona uma valorização de mais de 25% do Brent em novembro, a caminho de se tornar o maior ganho mensal porcentual das últimas décadas.

Analistas da corretora PVM, de Londres, especializada em petróleo, disseram que os operadores tratam cada vez mais a possibilidade da aprovação de vacinas como um “agente de mudança” para o setor de energia, embora os preços ainda permaneçam abaixo de quase US$ 70 o barril com que o Brent era negociado antes da pandemia de covid-19.

“A luta contra o coronavírus está se intensificando e se mostra cada vez mais bem-sucedida a cada semana”, disse Tamas Varga, da PVM. Um rali estimulado pelo “medo de ficar para trás” agora se tornou “uma alta de preço justificada pelos fundamentos”, segundo ele.

Os preços do petróleo também estão sendo estimulados pelas expectativas de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e aliados como a Rússia ampliarão a duração de seus cortes na produção quando se reunirem na semana que vem, para compensar a fraca demanda nos meses de inverno no Hemisfério Norte.

O grupo OPEP+ ampliado, que cortou a produção em abril, depois que a demanda entrou em colapso durante os “lockdowns”, deveria retornar à produção diária de 2 milhões de barris, em janeiro, mas cada vez mais se espera um adiamento do retorno à produção adicional.

“Continuamos vendo uma ação coordenada para conter a produção como uma medida ideal de curto prazo, diante dos estoques ainda elevados e com a atual onda de infecções surpreendendo por seu alcance e intensidade”, disseram analistas do Goldman Sachs.

A demanda mundial por petróleo, que era, em média, de cerca de 100 milhões de barris ao dia antes da pandemia, caiu em média cerca de 10% neste ano, com o cancelamento de voos de companhias aéreas e com mais pessoas passando a trabalhar de casa.

Em abril, o preço do Brent caiu abaixo de US$ 20 o barril pela primeira vez em quase duas décadas. O preço médio no ano está em US$ 42 o barril, comparado a US$ 64 em 2019 e US$ 71 em 2018.

As companhias de petróleo foram duramente atingidas pela queda do consumo, com as ações da BP e Royal Dutch Shell caindo cerca de 60% entre janeiro e o fim de outubro. Mas elas também foram estimuladas pelas notícias sobre as vacinas, ganhando entre 40% e 50% de valor desde então.

A estrutura do mercado de petróleo também está se fortalecendo, com os contratos do Brent para entrega em janeiro – que, anteriormente, estavam com um grande desconto em relação aos que vencem mais tarde em 2021 – chegando mais perto da paridade, um sinal de que os operadores esperam aumento da demanda.

Fonte: Valor Econômico